3ª Temporada - Capitalismo Paçoarcoense (25)
Comandante Guélas
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- O Francisco Barlatotas encontrou o filho do marquês!
A notícia do “achamento” do Pierre Pomme-de-Terre no Peru caiu como um milagre na vila de Paço de Arcos, terra do Comandante Guélas, o Querido Líder.
- Está no Peru, e é Diretor-Geral da Pinetree Group!
Um orgulho, mais um Património Imaterial Paçoarcoense tinha sido localizado e estava agora disponível no Facebook. Afinal a licenciatura em engenharia não tinha sido comprada no Brasil, como confidenciara uns anos antes ao Focas, mas sim fruto de um estudo árduo no Instituto Superior Técnico. Porque todos os paçoarcoenses eram feitos de substâncias químicas, a sua tentativa de uniformização pelo Bill revelou-se um desastre, por isso o Comandante Guélas ao aperceber-se da diversidade e mutabilidade dos habitantes conquistou a vila, reciclou os comunas e declarou a independência. Os paçoarcoenses modelos eram aqueles que nunca poderiam ser decompostos noutros mais simples. O Pierre Pomme-de-Terre era o vértice da pirâmide do empreendedorismo da gloriosa vila de Paço de Arcos: O Restaurante “O Tino”; a oficina do Cabrita; a Maria das Bicicletas; a Laura da Praça; a Blandina dos Jornais; o Manel da Dany; o Freitas da Minhoca; o Manelinho do Estrume; os barbeiros João Balão, António Balão, Inácio, Bandeira; Florêncio; John Lena; o Joaquim do Café “Bachil”, onde o Manel Carteiro nas horas vagas aliviava os recrutas que iam apanhar o comboio; o Miguel Padeiro, um bexigoso com uma Honda 750 transformada em “Easy Rider”; o restaurante "O Pombalino" do Alfredo e do Chinês; os “3 Porquinhos”, a Zona Vermelha da vila, no Jota Pimenta; as papelarias do senhor Silveira e do Inácio das bombas de Carnaval; a drogaria da preta; o Silvério e o Hércules com o seu negócio sazonal, a sua banca de lima (bolas de cera com água dentro), a 5 tostões cada; o Manuel Escangalhado da leitaria; o Cara Alegre da “Oceânia”; o Joaquim e o Jorge da “Iolanda”, que serviam sempre um “leitinho” à Dona Quitéria Barbuda numa garrafa de Sumol, com uma palhinha; o Braz da farmácia, que parou o seu BMW na marginal para “ajudar menina aqui sozinha”, que afinal era o Choné com um casaco preto a fazer de saia e a cabeleira da mãe, que tinha os amigos escondidos prontos para fazerem uma emboscada, mas que desta vez não saíram do local porque reconheceram o carro, deixando a pobre “menina” entregue aos fetiches libidinosos do farmacêutico, que prometia levar o Choné às nuvens, mesmo depois de ele ter tirado a cabeleira e chamar-lhe “paneleiro”, tendo o Braz ameaçado que iria fazer queixa à progenitora; o sapateiro 7 Solas; o Joaquim da Lisboa Comercial; o Severino Seco; o gasolineiro Manuel António; a drogaria do António, onde o senhor Peidão, o maior bombista da terra, se abastecia de Litopone e Ácido Muriático; o Bar Marginalíssimo do Tolas e do Jeremias; a Papelaria do Manuel Ante, que se chamava “Campos Pereira”; o sapateiro Carlos Ribeiro, da Banda Popular “Carlos Ribeiro mais 4”; a Fateca; a Sapataria Coutinho, “ó senhor Coutinho queria aquele sapato dos Baptistas, sff” (“venho descalço e vou lindinho”); a Casa João que “vende meias e botão”; Taberna O Papagaio, que deu à vila 2 formosos poetas, Pinguim e Pingalim; o Animatógrafo do Lúcifer; a Casa Chico; a Leitaria Vitória que, como era tradição em todos os estabelecimentos deste ramo, vendiam meio-gordo à taça; Leitaria Marginal; Marmelada; Casa Mário e Casa Adelina; e a fechar, o célebre Café Picadilli, que deu à vila o seu futuro e o Pica. Em todos estes estabelecimentos comerciais, o famoso Pierre Pomme-de-Terre deixou calotes, por isso de cada vez que se desloca às origens, fá-lo de noite, porque metade da vila continua ainda a querer enforca-lo!