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República Independente do Alto de Paço de Arcos

Toda a zona ocidental da Península Ibérica está ocupada pelos portugueses…toda? Não! Uma vila habitada por irredutíveis paçoarcoenses conseguiu a sua independência 19 meses depois do 25 de abril de 1974!

Toda a zona ocidental da Península Ibérica está ocupada pelos portugueses…toda? Não! Uma vila habitada por irredutíveis paçoarcoenses conseguiu a sua independência 19 meses depois do 25 de abril de 1974!

República Independente do Alto de Paço de Arcos

23
Ago19

4ª Temporada - Acolitar (2)


Comandante Guélas

Igualdade de género.jpg

2

 

Em Paço de Arcos, a terra do Comandante Guélas, o Querido Líder, que libertara a vila das garras do Bill, um social fascista do sporting que gostava de comer sopa de letras, “acotilava-se” à grande e à francesa, comportamento típico das populações pós revoluções. Quando o Focas e o mano do João Gordo entraram de rompante num quarto em Porto Salvo, o Pilas ainda não se tinha vindo, pediu paciência aos amigos, mas a pressa para irem para Cascais era tanta, que eles o ajudaram a acelerar o ato, apalpando-lhe o cu. Noutro canto da vila o mano do Bajoulo, o que tinha cara de papagaio, preparava-se para rumar aos Algarves na sua Honda 50, deixando no ar a promessa de ir “acotilar”, à grande e à francesa. Em frente ao café “Picadilly” os dois bólides do lendário Coronel Osório davam sempre os bons-dias aos primeiros clientes deste afamado estabelecimento comercial de Paço de Arcos, e as boas-noites ao Velhinho e ao Pilas, os melhores bebedolas, que acabavam invariavelmente a tomar chazinho num primeiro andar. E tantas foram as provocações dos Fiats que um dia a rapaziada fez-lhes uma homenagem. Tudo começou com uma repentina, e já habitual, necessidade fisiológica de grande calibre do Focas. Como o senhor Américo não arriscava deixá-lo utilizar as instalações sanitárias do seu estabelecimento comercial, sabendo que no dia seguinte iria, com toda a certeza, necessitar da ajuda dos Bombeiros Voluntários para expulsar o cagalhão dos canos, o Focas teve rapidamente de encontrar uma pia alternativa. Pela cara do mais famoso cagador de Paço de Arcos, o produto que vinha aí não era para brincadeiras. Mas, apareceu um carro da polícia com o Chefe Bigodes. A ronda diária assim o obrigava, neste caso noturna. Quando viu que as autoridades já estavam no lado oposto, atirou para o ar um grito de guerra:

- Ó CHUI!

Dito e feito, todos se piraram para dentro do café. Todos?! Todos não, o elegante Bigornas, proprietário da loja de fotografias mais elegante da vila, a Jomarte, “onde a sua cara de cu fica uma obra de arte”, permaneceu na esplanada, em sinal de protesto.

- Eu não tenho nada a ver com isto!

Ao longe o carro das autoridades permanecia com os faróis de “stop” ligados. Mas foi por pouco tempo! Quando arrancaram, regressaram em marcha de emergência e só pararam junto ao senhor Bigornas. O Chefe Bigodes saiu de rompante e ainda teve tempo de ouvir:

- Eu não tenho nada a ver com isso!

- Mostra-me o B.I.

- Não tenho aqui, está em casa, – e apontou para a janela do lado oposto da praceta. Nem teve tempo para mais nada.

- ENTRA, – ordenou o Bigodes, abrindo a porta.

Os amigos despediram-se à maneira, com adeuses piedosos, e gritos de dor, o Bigornas ousara desafiar a autoridade da vila. De repente o Focas regressou à realidade e correu desesperado para o prédio do Taka, dando um valente chuto na porta. Tinha acabado de ser informado da existência de uns quartos na cave, o local ideal para arrear o cagalhão. Enquanto fazia o servicinho, apalpou o terreno e deu de caras com vários sacos de serradura, pertencentes à drogaria ao lado. As comemorações ao Coronel Osório iam começar! Cada artista trouxe um saco de 20 quilos e alinharam-nos no passeio junto ao primeiro Fiat. A uma ordem do Focas, despejaram o conteúdo até fazerem desaparecer o primeiro popó do Coronel. Estava agora estacionado na praceta, junto ao célebre café “Picadilly”, um monte de serradura. Cinco minutos depois veio juntar-se outro monte. Segundo as testemunhas ouvidas no dia seguinte, o Osório tinha apanhado um ataque de caspa, como era de calcular, e fizera queixa ao Chefe Bigodes, que procedera de imediato às investigações, como era seu costume, tendo detido de imediato o primeiro cliente da manhã, o Cociolo, que tinha estado toda a noite na garagem da casa dos pais a pintar a mota com o mesmo nome.

03
Ago19

4ª Temporada - Paradoxos Ontológicos (1)


Comandante Guélas

Paradoxo.jpg

1

A sessão do cinema Royal decorria na normalidade, a penumbra e o silêncio imperavam, até que o Mene se levantou com uma violência tipicamente orgânica e aplicou, sem apelo nem agravo, duas valentes bofetadas no cavalheiro que se sentava ao lado da sua querida Milu. Recuemos! A Milu e o Carlos nasceram com uma pequena diferença de minutos, e uma tia Remédios, solteirona espanhola endinheirada, propôs perfilhá-la:

- São dois, ficas com um e fazes outro, ela passa a ser a minha filha e herdeira.

Os pais não aceitaram, mas por respeito à familiar fizeram-na madrinha e deram mais um nome próprio à Maria de Lourdes: Remédios. Quando as luzes do cinema se acenderam devido à algazarra, verificou-se que o senhor não empernara com ela, conforme a moça se queixara ao seu jovem marido, mas sim que tinha uma perna de pau, que não controlava. Nenhuma das coisas que aconteceram foram em vão, o Mene e a Milu deram origem a uma menina, que por sua vez foi mãe do Peidão. Até à chegada do Comandante Guélas ensinavam aos petizes que o tempo era linear, que avançava eterna e uniformemente até ao infinito. Tudo mudou, a diferença entre passado, presente e futuro passou a ser declarada uma ilusão, o ontem, o hoje e o amanhã deixaram de se seguir uns aos outros, passaram a estar ligados num círculo eterno. As lendas paçoarcoenses estão destinadas a regressar com a perna de pau do homem que hipoteticamente abusara da Milú. Se alguém se cruzar em Paço de Arcos, nos tempos de hoje, na rua, com um coxo, pode ser o regresso de uma figura pública, talvez o Tubarão ou o Balatuca. Por isso o Querido Líder geminou Paço de Arcos com Sagres, e declarou a área do Algarve destino de férias da Juventude Guéliana. Passaram a acampar no parque selvagem junto à praia mais “in” da localidade e ir jantar ao mini restaurante do Gordo Caixa de Óculos, proprietário de uma Discoteca cujo nome era “Solemente para Amigos”, e onde os “meninos das boas famílias de Paço de Arcos” tinham entrada exclusiva. Uma espécie de “Kadoc”! Só os paço-arcoenses afortunados gozavam de mais comodidades, o Cocas, porque ficava na casa dos pais e o BigMak, porque levava sempre a “roulotte”, com a noiva do momento dentro. Sagres parecia um acampamento da ONU, ouviam-se todas as línguas. E a confusão era tão grande, que podiam dar de caras, a meio da noite, dentro das suas tendas, com alguma estrangeira bêbada a cheirar a estrume. Mas num dos anos foram presenteados com uma artista do Porto, de nome Balbina. Todos os dias levava para a tenda um estrangeiro novo, que era obrigado a deixar os sapatos à entrada. E pelo tamanho das faluas, tentava-se adivinhar a altura dos franganitos. A comilona falava várias línguas, e tinha um volume de voz que se ouvia à distância, usando a língua pátria nas alturas em que desejava insultar a comida. Foi uma espécie de novela, a “Simplesmente Balbina”, que animou as noites de Sagres durante quinze dias! Ainda rondou a tenda do irmão do Chinoca, mas este estava prevenido com sensores e não gostava deste tipo de torresmos.

 

 

 

 

 

 

 

 

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