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República Independente do Alto de Paço de Arcos

Toda a zona ocidental da Península Ibérica está ocupada pelos portugueses…toda? Não! Uma vila habitada por irredutíveis paçoarcoenses conseguiu a sua independência 19 meses depois do 25 de abril de 1974!

Toda a zona ocidental da Península Ibérica está ocupada pelos portugueses…toda? Não! Uma vila habitada por irredutíveis paçoarcoenses conseguiu a sua independência 19 meses depois do 25 de abril de 1974!

República Independente do Alto de Paço de Arcos

11
Jun22

6ª Temporada - Uma Vila Isotérica (12)


Comandante Guélas

SIR.png

12

"Paço de Arcos Vila Isotérica / Terra do Guélanismo / Em cada esquina um profeta / Dentro de ti o Onanismo."

A canção revolucionária ecoava nos lábios da multidão, à medida que Mac Macléu Ferreira subia as escadas do palanque para receber o título de “SIR”, após a brilhante entrevista ao jornal Diário de Notícias, onde proclamara toda a sua fidelidade ao Comandante Guélas e aversão ao social-fascismo do Bill.

- O que eu perdi, - queixou-se baixinho a Lena Lentes, deixando cair uma lágrima.

- I have a dream, - gritou o agora SIR, apontando para uma parede distante, cuja frase, “Cantinho das Putas Velhas” não conseguia ler devido às dioptrias, que tinham sido fundamentais para a sua carreira de motociclista, onde sempre guiou por instinto.

Não lia a frase, mas distinguia perfeitamente o diagrama mágico ao lado, concebido pelo místico Focas das Docas.

- O “Monas Hieroglyphica” representa a alma de todos nós, duas bolas e um pescoço longo que termina numa cabecinha de grandes dimensões, com ranho a sair. O Monas junta 24 ideias para avisar o comuna Bill, e amigos vermelhos, da unidade da nossa vila-Estado em redor do Querido Líder, o Comandante Guélas.

Tudo estava descrito no “Livro das Maravilhas Paçoarcoenses”, por isso o Ratinho Branco era considerado um perito em elisão lexical. Quando o Comandante Guélas subiu ao palco, até os bêbados, a maioria, se levantaram:

- Todos os paçoarcoenses nascem para serem felizes. Trazemos isso sempre connosco. Se hoje for o vosso dia de abafar um comuna, que o seja. O meu só será amanhã, porque hoje vou partir a bilha à Quitéria, e amanhã partirão vocês à Espirro de Punheta, à Lucinda Careca, e a muitas outras heroínas que vos mudaram o óleo durante o combate às forças do mal comandadas pelo Bill. Não importa. O importante é saberem, lá no fundo das vossas cuecas, que hoje o nosso país está imune aos vermelhos peçonhentos. Vocês são a República Independente do Alto de Paço de Arcos, cada um de vós. Paço de Arcos sois vós. E é no espaço entre vós que cabem todas as fêmeas de cada esquina. Preenchei as suas cuecas, tornai-as palpáveis e apetecíveis, tornai Paço de Arcos impenetrável ao comunismo, - e o olhar do Querido Líder ficou vazio, sinal de que entrara no estado de transição, necessário para ir ao Manuel da Leitaria.

Nessa noite o Milhas adormeceu no carro do Pilas, embalado pelo barulho e movimento, numa ilusão serena de leveza que lhe punha as sobrancelhas oblíquas, até que acordou a ver o mundo às voltas pela janela do carro, com a sensação nauseante de estar a cair a alta velocidade. Foi nessa altura que, tal como acontecera à potestade de Paço de Arcos, o seu olhar ficou vazio e gritou:

- Porque é que eu vim para o Portinho da Arrábida?

Através da poesia o Bajoulo descobriu algum sentido para a vida. Um único poema escrito numa noite de verão numa das paredes do Bar “Cú à Vela” catapultou-o para o Olimpo. O “Jato de Amor” ficou para sempre gravado no coração de todos os paçoarcoenses, assim como o nome da musa, Tita dos Pés Sujos.

“Numa noite de copos / Com o meu chouriço rijo / O teu nome escrevi / Com um jato de mijo”

E houve um amigo do alheio que acarinhou a relação e ficou-lhes com as carteiras, o Pierre Pomme-de-Terre. Deram os primeiros passos culturais com latinhas do peditório do caranguejo ao pescoço, autointitulando-se os “Peregrinos Alcoólicos”, perdão, “Acólitos”.

- Ao princípio assustei-me, - confessou um dia à revista “Fuças” a Tita dos Pés Sujos. – A barriga do meu Bajoulo começou a crescer e eu pensei que o tinha engravidado.

Pierre Pomme-de-Terre era mais pragmático. Já lhe prometia um lugar na Feira de Paço de Arcos junto à mulher-cobra, mas acabou na roulotte de bifanas do Mocho, onde o Vale e Azevedo paçoarcoense cometeu o primeiro desvario.

- Queria fazer investimentos no Brasil, - confessou na entrevista para a sua biografia oficial, “Uma Batata no Topo do Mundo”.

Perante as trevas teve muitas vezes de escolher uma via, ou tapava a luz, para melhor desviar, ou acendia uma vela. Tapava sempre a luz!

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