2ª Temporada - Gambozinos (9)
Comandante Guélas
Episódio 9
Os gregos diziam que depois do amor todo o macho é triste menos o galo … e os paçoarcoenses! Quando o Fritz Moca, filho de pai alemão, acordou, reparou que o corpo estava a ser consumido pelo sol, tal qual a madeira pelo caruncho. Recuemos no tempo! Na vila também dava pelo nome de Lixívias, assim o denunciava a cor germânica, por isso não sabia o que era uma ida à praia.
- Sou alérgico aos raios, - explicava aos amigos.
Mas a única excepção quase que o ia enviando para o Além. Foi no Algarve, na ilha de Faro, quando os amigos o expulsaram da tenda porque piava à noite. Ao acordar no dia seguinte o Balacó deu de caras com o Fritz Moca a dormir debaixo do astro rei, e com o lombo a borbulhar. Bastou encostar um cigarro ao amigo, que este acendeu-se de imediato. Foi despachado imediatamente no comboio correio diretamente para a vila, para se evitar um conflito diplomático caso o germanófilo batesse as botas. Quando se despediu do Fritz Moca o Balacó queimou-se na altura do aperto de mão. Foi visto anos mais tarde pelo Espalinha como porteiro do Silver Gold.
Não era o único estrangeirado de Paço de Arcos, no verão aparecia sempre o Frank Monka, um chico esperto filho de emigrantes nos states, que julgava que o país se situava na África Subsariana, e que foi convencido por um autóctene da existência de fauna exclusiva na praia Velha:
- Gambozinos??
- E dos grandes! – Respondeu o Tio Mino, afastando as mãos. – Comem à noite, e vou-te ensinar a caçá-los.
Durante todos os dias dos três meses de verão o Frank Monka equipou-se com um camaroeiro, e embrenhou-se pelo vasto areal da praia Velha, na esperança de levar uma fera destas para os states, à medida que era molhado pelo tutor e amigos, que lhe atiravam, escondidos, com baldes de água.
No ringue da Avenida o General Bidon, filho de militar, um precursor do Futebol PA, jogava à bola com os amigos e, como sempre, mantinha-se fixo na sua posição de médio campista:
- O que interessa é a colocação no terreno!
Estudou medicina durante dez anos, sempre no primeiro ano, apanhava o mesmo comboio da manhã todos os dias, com a sua pastinha de estudante universitário na mão, onde levava os calhamaços de anatomia. Calhamaços de anatomia? Não, porque um dia fechou mal a dita, e esta abriu-se com estrondo na carruagem, deixando cair um jornal “A Bola”!
Quanto ao Coquicha, que morava junto ao Castelinho, não tinha jeito para os estudos, mas isso não foi impedimento para tirar a carta, e com a vermelhinha na mão ter uma carreira fulgurante como motorista. Começou com uma cunha na Câmara e acabou chauffer bêbado do Zézito na Presidência do Conselho de Ministros, após o que se reformou e rumou para o Alentejo, onde foi cavar batatas. Jogou hóquei no P.A.