5ª Temporada - O Chefe da Praia (6)
Comandante Guélas
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Quando a notícia chegou aos ouvidos do Comandante Guélas, o Querido Líder deixou escapar uma lágrima, e mandou pôr a bandeira da praia de Paço de Arcos, incluindo a azul, a de aviso de cagalhão, a meia haste.
- A morte dum Chefe de Praia é sempre um acontecimento doloroso na vila-Estado!
O Sarapito ajoelhou-se no passeio virado, sem saber, para Meca, e esmagou com a patela direita um croquete do Sinai, o cão do Milhas, o único animal da vila com um tufo no olho esquerdo, e chorou:
- Um bom homem, treinador das escolas de hóquei do Estado, casado com a praia de Paço de Arcos, da qual tinha as chaves do cinto de castidade.
Lembrou-se que durante a tropa o Chefe da Praia tinha sido feito prisioneiro pelos turras, e tornou a chorar:
- Foi onde perdeu os três!
Quem sabia toda esta desgraça da prisão era o Luís de Espanha, o 007 da vila-Estado, cargo que lhe fora atribuído pelo primeiro-Ministro e tio, o Isaltino, agora marquês do pombal do João da Quinta, onde o Todo Boneco costumava cagar, e o Bugio comer os feijões pretos descartados.
- Foi durante uma ronda, - e fungou de emoção. – Tinha um protocolo com os guardas fronteiriços do Congo, que o deixavam ir beber uns copos com os amigos ao estrangeiro, acordo este que era biunívoco.
Mas um dia um futuro militar de abril, o que costumava usar um fundo de garrafa a fazer de monóculo, o equivalente ao general Ánhuca do TSOR, Tribunal do Santo ofício da RIAPA, República Independente do Alto de Paço de Arcos, que anexou o Sul comunista, dominado pelo Bill e escumalha da foice e do martelo, resolveu dar um "Peido à Focas" nas matas da Guiné, que ecoou pelos coqueiros, assustando a macacada, levando ao fecho imediato de todas as fronteiras das sanzalas. O Chefe da Praia de Paço de Arcos estava no local errado e na hora errada, a comer amendoins e a beber umas imperiais, com as chaves no bolso. Foram arrecadados, e o herói da vila teve como carcereiro um Capitão Porão lá da zona, o King Konas, o bilas abafador da mata. Para que a praia continuasse a bombar, o Pirolito foi nomeado porteiro interino, e o comunista Bill proibido de cagar nela, por apoiar o Dembão e seus macacos:
- Nem mais um soldado para África! – Gritou em represália no cais da estação de paço de Arcos, quando sentiu a trepidação do rápido Lisboa-Cascais, aquele que dividiu em dois o primo surdo-mudo do João da Quinta que, usando a mesma lógica de utilizar a moeda de 5 escudos diretamente na ranhura do carrinho de choque, em vez de comprar duas fichas com ela, porque “só os estúpidos é que faziam isso”, justificava-se, foi a correr ao guiché fazer dois passes para o primo.
Com o Bill estava o camarada Titó a vender o “Avante” aos mais distraídos. Ainda a vila não recuperara desta perda, eis que apareceu no Coreto da Vila um cartaz ameaçador com palavras em latim: “quaes cunque findit”. Sentindo o seu poder ameaçado, o Comandante Guélas entregou a investigação ao Superintendente Narciso Sarapitola Figueiredo Baeta, um polícia com o faro aguçado que, quando chegou ao local do crime gritou:
- Mas que cheiro a kona!