6ª Temporada - Pinetree Group (9)
Comandante Guélas
9
A participação das mulheres na Revolução do Comandante Guélas é um caso único na História Universal. Quitéria Barbuda desceu à vila de braço dado com o Craveiro Lopes, e esmagaram a comunidade social-fascista liderada pelo Bill da UEC. A Tita dos Pés Sujos esfrangalhou a bandeira vermelha que o Titó insistia em pendurar na árvore mais alta da Avenida, usando as unhas negras das suas faluas com verdete arrancado ao marisco do pai Xantola. Desceram da montanha várias coronelas a comandar pelotões de libertadores. A mais famosa foi a Espirro de Punheta, que passou clandestinamente debaixo do verme Titó e deu-lhe um puxão nas bolas.
“Do alto da abrupta serra
Acampado se encontrava um regimento
E uma moça boazona os seguia
Loucamente apaixonada pelo Bajoulo sargento
Popular entre a tropa era a Tita
A mulher que o sargento idolatrava
Porque, além de boazona, cheirava a marisco
E até o Comandante a desejava!”
A revolução paçoarcoense foi um caldo político e social sem igual na História de Portugal, os Guélanistas, os Bilistas, os Ánhuquistas, os Milhas, os Cambeiros. O Pierre Pomme-de-Terre foi transversal a todos, tanto vendeu “Avantes”, como lhes limpou o cu, tendo lançado as raízes do projeto “Pinetree Group”. Ora desancava no Pontas falando sozinho no balcão do “Klass”, “o irmão dele é que era um gajo porreiro, este não interessa a ninguém, até casou com uma empregada minha, é um menino, o Caveirinha sim, era um gajo 5 estrelas, este não presta”. E quando saiu entrou num BMW 530 de 6 cilindros, gamado a alguém, como era tradição. Paço de Arcos esteve durante seis meses após a revolução de abril de 1974, metido num caldo político e social absolutamente fabuloso, que acabou com a passagem do Bill para o capitalismo, e a inauguração do “Pinetree Group” em Nova Iorque. Quando o cidadão chinês entrou na imobiliária em Nova Iorque, deu de caras com o Diretor-Geral e isso deixou-o satisfeito. Não era todos os dias que um engenheiro civil formado no Instituto Superior Técnico se dava ao trabalho de receber um cliente, ainda por cima amarelo. Pediu-lhe um minuto para finalizar a conversa ao telefone com um líder de um país estrangeiro:
- Tretye otdeleniye sobstvennoy yego yimperatorskogo velichestra kantselyarii Comandante Guélas (tradução: “Terceira Secção da Chancelaria Imperial de Sua Majestade Comandante Guélas”).
O chinoca ficou encantado, e descansado, tendo aproveitado para filmar o desempenho do paçoarcoense Pierre Pomme-de-Terre, Diretor-Geral do “Pinetree Group”, com sede em Nova Iorque, que, quando se olhava no espelho, via que tinha olhos cinzentos azulados, por isso dizia que era um visionário na contabilidade, que o fazia andar sempre com os olhos brilhantes, “não consigo viver sem aliviar alguém”. O Kit Jones, jovem promissor da UEC, foi a sua primeira vítima. Comprou-lhe um chalé burguês na Terrugem de Cima:
- Mas isto é uma barraca, - reclamou o comprador.
- Mas não deixa de ser um chalé, só que em vez de relva tem couves!
Quando a chamada acabou, olhou para o chinês e perguntou, com sotaque da Califórnia, que aprendera com o radioamador mais famoso da vila (“my name is Vasco and I love Xana”), cujo código da Banda do Cidadão era CT1OY (Cê tê um ó i grego):
- How are you? My name is Pierre and I Have “Petroni Towers” to send to you!
- “Petroni Towers”? Where?
- Paço de Arcos!
E vendeu-lhe as ruínas do novo restaurante o “Tino”, embargadas por excesso de volume, vinte vezes mais pequeno do que a faustosa construção do vizinho galego. Quando os outros apontavam para o céu, a maioria olhava para o dedo, o sábio Pierre Pomme-de-Terre via sempre algo para vender. Era cabeça de cartaz do TSOR e das suas congéneres internacionais!